As lágrimas corriam furiosas pelo rosto inchado da menina.
Os cabelos ruivos caídos em seu rosto rosado davam-lhe um aspecto tenebroso.
Ela estava deitada no chão de seu quarto; as mãos cerradas em punhos. Queria despejar
seu ódio em alguém. A garota levantou-se num átimo e fez do belo abajur francês
sua primeira vítima. Socou-o até que estivesse completamente desgastado e
derrubou-o. E foi fazendo isto repetidamente com todos os objetos quebráveis do
quarto. Até que todos acabaram. As mãos dela sangravam; ela jogou-se não chão,
ainda chorando. Não agüentava mais esta situação; a garota era mais uma vítima
de bullying. As risadas e zombarias dos colegas de classe passavam por sua
mente enquanto ela enlouquecia. De súbito ela levantou-se outra vez e abriu a
porta do quarto. Foi até o quarto dos pais sorrateiramente; ela sabia que lá
havia algo que a tiraria deste sofrimento: a arma que seu pai guardava. Ela
pegou a arma silenciosamente e voltou para seu quarto. Trancou a porta. Fechou
as janelas. Finalmente ela acabaria com a dor de uma vez. Ela apontou a arma
para suas têmporas, fechou os olhos. Silêncio. Um estrondo, uma explosão. Ela
puxara o gatilho.
Marcela Esteves
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